Num cantinho de terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, triste PRETO-VELHO chorava. De seus "olhos" molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e, não sei porquê, contei-as... Foram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei:
- Fala, meu Preto-Velho, diz a teu filho porque externas assim tão visível dor?
E ele, suavemente, respondeu:
- Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas:
A PRIMEIRA - Dei-a a estes INDIFERENTES que aqui vêm em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
A SEGUNDA - A esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
A TERCEIRA - Distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar o seu semelhante.
A QUINTA - Chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas se olhares bem o seu semblante verás escrito: "Creio na Umbanda, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo."
A SEXTA - Dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam interesse diferente.
A SÉTIMA - Filho, notas como foi grande e como deslizou pesado! Foi a última lágrima, aquela que vive nos "olhos" de todos os ORIXÁS. Fiz doação dessa aos médiuns (as) vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam às doutrinas, esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.
Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair - uma a uma - AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO. E de todos os guias espirituais.
AUTOR DESCONHECIDO
EXTRAÍDO: AS SETE LÁGRIMAS De um Preto-Velho e dos Guias da Ramatis, por ANTÔNIO P. S. ALVIM, SOCIEDADE ESPÍRITA RAMATIS, RJ - BRASIL.
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